Linhas suaves entre a arte e a luz da cidade

Selecionado na categoria Arquitetura Residencial pelo prêmio Obra do Ano 2023 da plataforma Archdaily Brasil

Localizado na zona sul do Rio de Janeiro, o edifício residencial Huma 73, tem sua arquitetura assinada pela Cité Arquitetura e LARQ Arquitetura e Planejamento, em um projeto que reflete as características boêmias e plásticas do bairro de Botafogo. Seu desenho adiciona ao entorno toques de personalidade e identidade, essenciais para o bem-estar de quem vive e convive no projeto.

O despojamento característico dessa região carioca aliado ao bucolismo do Humaitá serviu de inspiração para o estilo contemporâneo do edifício, que com ganhou cores e texturas discretas para se conectar de forma afetiva ao bairro através de uma volumetria arrojada. A surpresa cromática de seus tons de azul inspira-se nos detalhes da arquitetura do bairro, como esquadrias azuis de construções antigas e outros detalhes. Seu desenho valoriza a paisagem e a luz dos arredores da Lagoa Rodrigo de Freitas, e a simplicidade bucólica e acolhedora da vizinhança arborizada da Rua Humaitá. 

O principal desafio projetual foi garantir uma boa entrada de luz e maior relação possível com o exterior em um terreno de lote estreito, entre dois prédios residenciais, apenas 7 metros de fachada frontal e inclinado em relação à rua. A criação de um prisma central generoso foi o ponto de partida para garantir iluminação e ventilação de qualidade, mas o marcante no traçado do projeto foi determinado na fachada para a Rua Humaitá.

Um recorte anguloso garantiu janelas de piso ao teto com direcionamento de vista, em direção ao Cristo Redentor, tomando partido da própria inclinação do terreno, enquanto uma ampla varanda ocorre ao lado. A volumetria inusitada destaca o edifício do entorno de modo sutil e cria uma recepção acolhedora para quem entra pelo térreo. 

Com 6 unidades de apartamentos de 3 quartos por andar, o Huma 73 mostra-se um microcosmo para seus moradores. Dentro dos apartamentos, o layout se destaca pelo recorte criado na fachada frontal, criando uma sala espaçosa e com muita entrada de luz, mesmo lidando com a frente estreita, e pela varanda que se configura como uma real extensão do ambiente de convívio da casa, debruçada sobre a cidade. A garantia de boa iluminação e ventilação para todas as unidades condiz com a busca pelo melhor conforto térmico.

Sua volumetria marcante confere a ambiência urbana, reforçada pela aplicação de elementos contemporâneos. Um painel artístico criado na parede lateral das varandas dos cinco pavimentos, utilizando cerâmicas da linha Quadrante da Portobello, destaca a identidade única do projeto e acentua sua verticalidade. As linhas horizontais nas bordas das vigas são responsáveis por dar novo ritmo à fachada. 

No térreo, o forte azul do teto remete aos detalhes azulados do bairro, como placas de rua, esquadrias de madeira pintadas e azulejos das antigas casas. As luminárias circulares contrastam com o tom de azul empregado no teto, criando uma atmosfera única para a entrada. Por fim, a contemporaneidade se manifesta também pela escolha das cores cinza chumbo para os elementos horizontais, com uso do porcelanato Broadway Lime da Portobello nas vigas, e esquadrias em cinza-grafite.