Albúm de família

Poucas ruas no Rio possuem o charme de um nome carinhoso como a Dona Delfina ou as histórias da Maracanã. Ambas as vias, repletas de árvores, se encontram povoadas por um casario delicado e pela atmosfera tijucana. Bairro carioca dos mais tradicionais, a Tijuca possui diversos microcosmos, tem ares de cidade pequena em meio ao movimento da metrópole. Marcada pelas diferentes gerações, pelos laços familiares e das amizades, é um recanto feito de memórias. 

A afetividade inerente ao lugar do projeto encontra seu espelho na arquitetura. Através de requadros e frisos, como molduras de um porta retrato, a fachada dialoga com a riqueza de detalhes das pequenas sacadas comuns às casas do entorno. Inspirando-se nas texturas vizinhas, elementos de pedra, tons amadeirados e metal dialogam no edifício com a mesma delicadeza que o fazem nas construções antigas. A base mais escura protege do movimento da rua e harmoniza com as árvores próximas enquanto o corpo em tonalidade clara ilumina as varandas generosas e culmina em um rooftop de espaço comum, olhando o contorno do maciço da Tijuca ao longe por sobre as copas. 

Essa possibilidade de expansão da casa para o exterior estreita a relação diária dos moradores com a cidade por entre os porta-retratos urbanos criados e os dois pavimentos de uso coletivo, transformando o projeto num grande albúm de fotos em eterno movimento.