Epitácio 3714

Localizado em terreno onde por anos existiu um esqueleto estrutural sem uso, o projeto está debruçado sobre a vista ampla da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio. Quando pensávamos que atmosfera deveríamos trazer aos espaços, a frase “o tempo dentro do templo” acabou sendo uma síntese do que imaginamos.

O passar das nuvens refletido sobre as águas da Lagoa, o vento que passa entre as folhas das árvores e o sol que nasce e se põe por detrás do relevo de montanhas são partes elementares do projeto. Se a casa é nosso templo do dia-a-dia, é o maior objetivo da arquitetura criada por nós valorizar as horas que passamos dentro dela, marcadas no projeto pela projeção das sombras do ripado de madeira que cobre o teto das generosas varandas, como uma espécie de relógio-de-sol.

O desenho da planta busca reforçar essas qualidades espaciais e ambientais. A ampla varanda, com diversas possibilidades de ocupação, se abre para toda a sala em portas de correr de vidro voltadas para a paisagem da Lagoa. A abertura franca entre o interno e externo busca aproveitar ao máximo a vista e, ao mesmo tempo, garantir conforto ambiental. Quanto à implantação, em um terreno estreito, sem afastamentos laterais e com fundos junto à topografia acentuada do Mirante do Sacopã, o desenho de um prisma central generoso, gerado a partir do deslocamento entre o íntimo e o privado, possibilita a ventilação cruzada ao longo de todo o apartamento, garantindo maior conforto aos moradores.

Propondo o uso mínimo de elementos, de forma a potencializar o desenho da luz sobre a fachada, cores terrosas e texturas amadeiradas recobrem o projeto. A discrição do embasamento, com a chegada mimetizada ao fundo, busca dar ainda mais destaque à volumetria das varandas em balanço e seu desenho sobre o passeio com o passar do dia.