Residencial Guess

A concepção do projeto para o Residencial na Rua Meringuava, situado na Taquara, Rio de Janeiro, tem como premissa um olhar delicado sobre a cidade, numa tentativa de se relacionar com os marcos arquitetônicos que fazem parte dela. As referências são muitas, mas a preocupação central é com os edifícios modernistas existentes que se destacam em sua época e, até hoje, possuem inegável valor. Estes fazem parte de um legado notável para a arquitetura carioca, cujas características essenciais são base referencial para a Cité Arquitetura e para esse projeto.

Inserido em meio a um contexto pouco coeso, com áreas residuais e espaços esquecidos ao longo dos processos de desenvolvimento da cidade, o projeto desse edifício residencial se coloca como uma alternativa barata de enfrentamento das barreiras do lugar. Nesse sentido, ele se propõe a ser um ponto de referência no bairro, através de uma arquitetura que dialoga com o repertório formal de seu passado e, ao mesmo tempo, com as necessidades evidentes do lugar. Cria-se aqui uma alteração da paisagem por meio de um marco que opera através do pertencimento e como resposta às dinâmicas da cidade. Uma arquitetura que é, por consequência, vetor de transformação.

Como proposta, as relações articulam-se pela percepção cromática, gerando variações e dinâmicas das cores da fachada. Como premissa, a criação de um residencial de baixo custo, por vezes, pode refletir em certa monotonia e rigidez de seus materiais de fachada, o que prejudica sua relação com o bairro, a paisagem e a cidade. No caso, essa alteração cromática permite uma reinterpretação dessa densidade, como maneira de tornar mais fluída a interface entre o edifício e o espaço público. Essas premissas nortearam a concepção dessa fachada, cuja distinção dos planos e volumes se revela por meio da materialidade e das cores.

Deste modo, a relação entre os espaços externos e internos segue o uso de poucos materiais, no intuito de facilitar a manutenção e diminuir os custos, sem perder sua potência e elegância. Isso proporciona uma dinâmica coesa desses dois ambientes, cujos espaços operam através do contraste desses materiais. Claros e escuros, sombras e luz, cores neutras e vibrantes se misturam para criar pontos de tensão e de interesse neles, em um jogo correto dos objetos dispostos sob a luz.

O edifício concluído em 2019, possui 182 unidades residenciais, sendo 166 unidades tipo e 16 unidades duplex, distribuídas nos seus dois blocos, com subsolo e uma área de lazer planejada. Os apartamentos foram projetados com 2 ou 3 quartos, variando suas áreas entre 57 e 73 m², e apartamentos duplex de 130 m² na cobertura. É importante ressaltar que as tiopologias apresentam flexibilidade de planta, o que facilita a apropriação do morador, que conta também com amplos e diversificados espaços coletivos.